Rafael Mendes é poeta nascido na grande São Paulo, veio morar em Dublin em 2016 e no ano seguinte participou da coletânea “32kg: Uma Antologia Brasil-Irlanda” pela Editora Urutau e publicou com a mesma editora a sua primeira coletânea “um ensaio sobre o belo e o caos”, lançado no Brasil e Europa. Seus poemas já foram publicados em revistas, rádio e saraus na Irlanda. Escreve para o blog avesso da palavra.
“Os livros foram os grandes amigos que tive na infância”
Rafael nasceu em meio ao Rio Juquery, na Rua do Inverno no Jardim das Colinas, bairro o qual recebeu asfalto tardiamente, mas o bairro que o acordava todas as manhãs com o canto dos pássaros. Havia um pica pau em Franco da Rocha, que possivelmente lhe contou histórias sobre a cidade. Franco da Rocha, uma ‘ponte entre o interior e a cidade’, é residência do maior manicômio da América Latina, qual hoje mantém seus ‘loucos’ soltos. Desconfio que um deles é Rafael Mendes, um louco que ousa desbravar o mundo além de seu bairro, um louco a acreditar que a arte é capaz de mudar tudo.
“Há uma diferença entre salvar vidas e mudar vidas. Arte não irá salvar vidas, mas arte pode mudar uma vida.”
Nesta conversa, falamos de arte, caos, beleza, amor e saudade, palavra essa cheia de significado. Falamos sobre memórias – uma das matérias primas de um poema – sobre linguagens e a experiência do Rafael nas traduções para a revista Diáspora.
Falamos sobre seus livros, e ele deu dicas como leitor e escritor. Tem como inspiração a poeta polonesa Wislawa Szymborska, o Argentino Jorge Luis Borges,e os Brasileiros Lygia Fagundes Telles e Drummond, mas a pessoa mais importante na sua vida literária foi Dona Joana, sua avó.
“Toda história bonita tem um pouco de caos, e toda história triste tem beleza.”
Aos 26 minutos em nossa conversa, mudamos de lugar, passamos da língua portuguesa para a língua inglesa, como se essa fosse uma ponte capaz de nos atravessar para outros mundos.
Uma experimentação bilíngue para nosso podcast.
Ele assume que escreve diferente quando muda a língua e que ‘o conceito de ser um escritor e leitor bilíngue é poderoso’.
Ele deixa a Irlanda após três anos, com dois livros publicados na língua mãe e um na segunda língua. Em breve, questiono, leremos Rafael em catalão?
Vem participar dessa conversa, ouvir poemas, o canto dos pássaros da Rua do Inverno, e nos diz o que acha.
Obrigada, Rafael por esta profunda conversa em um sábado a tarde em Dublin. Pude ouvir seu canto da janela do quarto em Crumlin.